Esquema liderado por Cabral protegia dados da polícia

RIO DE JANEIRO. Documentos da força-tarefa da operação Lava Jato demonstram como os envolvidos no esquema de desvios comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), segundo o Ministério Público Federal (MPF), se preocupavam em dificultar eventuais investigações. Um dos cuidados tomados pelos réus era usar programas de criptografia nas mensagens que trocavam. Outra forma era se comunicar por meio de textos deixados no rascunho de um e-mail a que outros investigados tinham acesso. Como as mensagens não eram enviadas, não seriam captadas pelo servidor. O doleiro Marcelo Chebar contou em delação premiada os cuidados tomados pela organização.

Marcelo e seu irmão, Renato, eram os responsáveis pela ocultação de dinheiro de Cabral, do ex-secretário de Governo Wilson Carlos e de Carlos Miranda, apontado como operador do esquema no exterior. Marcelo afirmou aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que, como ele e o irmão às vezes precisavam se ausentar do país, Carlos Miranda criou um e-mail de endereço (cazaalta@gmail.com). Por meio dele, eram feitos uploads de arquivos na pasta de rascunhos, dispensando, a necessidade de envio das mensagens eletrônicas.

Criptografia.

 Os irmãos Chebar tinham a senha da conta de e-mail. Ao entrar para ler as mensagens, tomavam ciência dos pagamentos que deveriam ser feitos, ordenados por Carlos Miranda. Em alguns casos, os boletos eram salvos na pasta de rascunho para serem pagos. Os colaboradores contaram que nunca faziam download para o HD e sim para um pen drive, por razões de segurança. Os arquivos eram sempre criptografados, por meio de um programa chamado Steganos. Depois da operação, esses dispositivos móveis eram destruídos.

Marcelo deu ainda detalhes sobre a comunicação com outro doleiro, Vinicius Claret, o Juca Bala. A conversa era feita por meio do programa Pidgin, que também criptografava as mensagens. Por meio dele, Juca Bala, que ficava em Montevidéu, era acionado pelos irmãos Chebar para fazer os pagamentos e recolhimentos de valores.

O doleiro contou ainda que Juca mudava muito de nome de usuário no MSN Messenger. Vinícius Claret está preso no Uruguai e já há um pedido do MPF para que ele seja extraditado para o Brasil. Os irmãos Chebar e Juca Bala sãos réus em processos junto com o ex-governador do Rio.

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