A pandemia e as eleições

  

 Um dos efeitos da pandemia atinge a disputa eleitoral. No futuro, os historiadores se debruçarão sobre este fenômeno do qual hoje poucos falam, mas que muitos sentem. Em 2020, o efeito foi bem diferente. Havia dúvidas se teríamos pleito ou não. Mudou a forma de fazer campanha, a data empurrada para novembro e dezembro, era impossível evitar aglomerações e comícios. A campanha eleitoral aumentou a contaminação e provocou o colapso da rede hospitalar no fim do ano. 

O vírus correu solto com os pedidos de voto. Em 2020, falou-se em prorrogação de mandato e juntar eleições. Porém o TSE, ja presidido pelo Ministro Luiz Roberto Barroso, aceitou apenas tirar a votação de outubro e atrasar em dois meses o calendário. Foi uma eleição curta, quase uma disputa de 50 metros de nado raso, com eleitores assustados e enorme índice de abstenção. Já a campanha de 2022 está sendo muito antecipada. 

Faltando mais de um ano para o pleito, os candidatos já estão nas ruas e acordos partidários proliferam. O ano de 2021 deveria ser um período de entregas dos governos estaduais e do federal. O que assistimos é inédito na vida política brasileira: uma campanha eleitoral de 15 meses. Se o vírus assustava em 2020, agora ele é usado para detonar candidatos e ungir outros. 

Esses embates antecipados em nada contribuem para o país e para os estados. Formam um lodo eleitoral, que dificilmente resistirá até agosto de 2022. Tudo que temos até agora é um castelo de cartas e uma perda enorme de energia.

Fonte: Correio da Manhã (RJ).

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